Ihago Mendes

Eros

Moça, larga tudo e vem
Que hoje a cidade ilumina o céu
E a felicidade da gente tá bem

Então, nada importa
Se teu corpo bate a minha porta trazendo meu norte, amor
Imagina a sorte, amor
Imagina a troca de olhares
Com o efeito de um furacão

E o meu querer em ser sozinho sem estar sozinho
Sem sala de estar
E sem pose de star onde eu podia estar
Mas se eu cantar sozinho sem você
Então não há razão

Moça, eu te trouxe do trem
A bala que cê gosta
Junto com a proposta de virar as costas pro que não convém
Seus pés pequenos, meu ciúme vasto
Nosso afeto largo
Meu relógio lento
Enquanto eu me afasto

Sobrevivo em tragos
Seu cheiro no quarto, eu lembro
No terceiro ato
Enfim revivemos
Enfim aprendemos como crescer
Sem querer nada além de só querer tá ali e pronto
Só querer tá ali e ponto

Moça, eu largo tudo e vou
Moça, eu faço tudo em prol
Do seu Sol em mim
Do seu Sol

As cordas frias, os goles amargos
Os postes iluminam o brilho do asfalto
Sintetizando pensamentos, tragos
A fumaça dança como se soubesse como a miséria me amou

Pausas nem sempre são vírgulas
Flores não se põe em vasos
Dedilhando sílabas
Pétalas caídas não são descaso
Não me olha assim que eu caso contigo
Ou pelo menos me atraso

Não me chama se não for dar abrigo
Ou tocar em outro compasso
Linda, larga tudo e vem
Nem sei desse outro alguém
Mas sabe que pressa não tem
Por mim tá tudo bem